segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Se depender dos trabalhadores e de suas entidades vamos rumar, a médio prazo, para resolver esta crise

Aumento real do mínimo injeta R$ 21 bi e reduz crise

(Postado por Roberto Santiago, vice-presidente da UGT e deputado federal (PV-SP) A crise financeira mundial, responsabilidade integral dos agentes do capitalismo, com ampla liberdade de ação para os banqueiros e especuladores, é extremamente preocupante. Mas somos brasileiros. E nosso realismo e disposição de luta sempre nos faz entrar de alma aberta, determinada a ganhar, em todos os desafios que nos são colocados. Com a chegada do salário mínimo, como os trabalhadores se referem ao reajuste de 6,4% em termos reais do mínimo, na economia brasileira já antecipamos um cenário ainda difícil mas com mais condições de todos nós, brasileiros e brasileiras, aposentados, pensionistas, pessoal da ativa  que somam 47 milhões de bolsos que vivem do salário mínimo podemos olhar com mais serenidade as dificuldades que temos pela frente. A ponto de os jornais que só vendem catástrofe começarem a associar o reajuste em termos reais do mínimo a uma redução da crise. Como relator do melhor salário mínimo da História do Brasil, sinto-me orgulhoso de como vice-presidente da UGT estarmos, todos, participando desta fase de grandes desafios da História brasileira e ajudarmos o país, por um lado, com o reajuste continuado do salário mínimo e, por outro lado, estarmos à frente da UGT, a central que mais cresce no Brasil por se dedicar, continuamente, à mobilização e organização da casse trabalhadora, concentrando esforços onde tem o resultado mais rápido, que é o respeito às determinações de seus sindicatos filiados.

Leia mais: Aliada à inflação menor, alta real de 6,4% do salário fortalece mercado interno

Setores como alimentos, roupas e fármacos e regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste devem ser mais beneficiados

Reajustado neste mês em 6,4% em termos reais, o novo salário mínimo de R$ 465 injetará diretamente na economia R$ 21 bilhões pelos cálculos do Ministério do Trabalho e será um importante instrumento de política anticíclica nestes tempos de crise, segundo especialistas. Permitirá, dizem, manter algum dinamismo em setores que dependem da expansão da renda, como o de alimentos.

Para Fábio Romão, economista da LCA, o aumento do mínimo, aliado à inflação menor neste ano, vai sustentar o consumo de alimentos e outros bens semi e não-duráveis (como roupas, calçados e produtos de limpeza e de higiene pessoal) e amortecer o impacto da crise tanto na produção como no emprego. O reajuste real também terá mais peso nas regiões onde a penetração do mínimo é maior, como Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Antes mesmo do aumento total de 12,05% do mínimo, o desempenho dos setores ligados à renda já destoava do resto. De outubro a dezembro, a indústria geral registrou tombo sem precedentes em crises anteriores, de 19,8%. Mas, em alimentos, a queda foi suave -0,7%, a menor dos ramos.

Só registraram expansão bebidas (0,2%), também dependente da renda, e outros veículos automotores (20,1%), por causa da fabricação de aviões encomendados antes da crise, contra queda de 54% na produção de veículos, diz o IBGE.

Isabella Nunes, do IBGE, diz que os ramos ligados à renda já tiveram resultados um pouco melhores nos três últimos meses de 2008 -quando a indústria sentiu, progressivamente, o forte baque da crise.

"A indústria desabou em dezembro, mas a renda ainda sustenta um pouco os não-duráveis." Em dezembro, a produção da indústria geral caiu 14,5% ante dezembro de 2007 -a maior retração desde 1991. Naquele mês, outro ramo ligado à renda, a indústria farmacêutica, cresceu 11,7%.

Para Nunes, uma eventual estabilidade do mercado de trabalho e o efeito do reajuste do salário mínimo jogarão um papel importante para definir o rumo da economia neste ano.

Já Romão vê o mínimo como um "amortecedor" da crise, mas que não impedirá uma desaceleração do ritmo da atividade. Regionalmente, os Estados do Nordeste já registraram em dezembro resultados "menos ruins", diz Romão, justamente por causa do maior peso das indústrias de semi e não-duráveis. Tiveram recuos abaixo da média de 14,5% as indústrias de Pernambuco (-6,2%) e Ceará (-3,9%). (Leia mais na Folha)

''Será que estamos saindo do poço?''

Economista da FGV vê retomada gradual da indústria e diz que dezembro foi o pior mês neste período recente

Apesar da crise econômica global ainda dar sinais de virulência, e da má recepção inicial dos mercados ao pacote de US$ 2 trilhões de ajuda ao sistema financeiro do presidente americano Barack Obama, uma tímida luz no fim do túnel parece ter surgido nos últimos dias, no caso brasileiro.

"Os dados me levam a crer que dezembro foi o pior mês da economia brasileira neste período recente, e que em janeiro nós já estamos saindo um pouco do fundo do poço", diz Vagner Ardeo, vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio.

Ardeo é o principal responsável por indicadores da FGV com os índices de confiança do consumidor e da indústria de transformação, e o Sinalizador da Produção Industrial (SPI), que busca antecipar a produção industrial em São Paulo.

Ele nota que os índices de confiança chegaram perto da estabilização em janeiro, depois de quedas muito acentuadas nos meses anteriores. No caso do SPI, o índice para janeiro foi de avanço de 5,7%, depois de registrar quedas de respectivamente 0,4%, 6% e 13,5% em outubro, novembro e dezembro.

Ardeo observa que o SPI vem prevendo muito bem o resultado efetivo da produção industrial em São Paulo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que caiu 0,8%, 3,5% e 14,9% de outubro a dezembro. Desta forma, o SPI de 5,7% para janeiro é um resultado animador.

O economista ressalva que o aquecimento está muito concentrado no chamado "material de transporte", que inclui basicamente a indústria automobilística. Outro ponto de interrogação é o impacto da piora do mercado de trabalho no segmento de bens não-duráveis, como alimentos e roupas.

"Em dezembro houve grande perda de postos de trabalho, e isso tende a afetar a confiança do consumidor, embora em janeiro ela tenha ficado relativamente estável", diz Ardeo.

Na Quest Investimentos, do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros (leia entrevista abaixo), um levantamento mostra que, no último mês, o real e o peso chileno foram as únicas moedas que se valorizaram em relação ao dólar, numa lista de países que inclui Argentina, México, Turquia, Rússia, Coreia do Sul, Hungria e Polônia. Em termos de mercado acionário, o Brasil, com valorização acima de 5%, teve o melhor desempenho, com exceção da China e da Índia, num grupo de 13 países emergentes acompanhados pela Quest.

Joel Bogdanski, economista do Banco Itaú, é mais cauteloso em relação ao momento da economia brasileira: "É bem difícil afirmar com certeza que o fundo do poço tenha sido atingido, porque a crise continua evoluindo lá fora". Ele acha que o ocorrido em janeiro no setor automobilístico pode ter sido um fenômeno específico, que não necessariamente sinaliza uma tendência para a economia como um todo.

Bogdanski nota que o que mais afetou a economia brasileira, e provocou a parada brusca do fim de 2009, foram as expectativas, ligadas à confiança de consumidores e empresários. E esta, por sua vez, mostrou-se bastante vulnerável à evolução do quadro internacional, centrada nos Estados Unidos e nas economias ricas.

"Houve essa voltadinha no começo do ano, mas não se pode descartar outra onda de abalo lá fora - uma recessão mundial é algo muito sério", diz. (Leia mais no Estadão)

Indústria corta 32,5 mil vagas e tem pior janeiro desde 2006

O nível de emprego na indústria paulista caiu pelo quarto mês consecutivo em janeiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 13, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O resultado com ajuste sazonal registrou queda de 1,86% em janeiro, ante dezembro. Sem o ajuste sazonal, o emprego recuou 1,34%, na comparação com dezembro, o que resultou no fechamento de 32.500 vagas, que se somaram às 130 mil vagas eliminadas em dezembro. Na comparação com janeiro de 2008, também houve queda de 2,22%. Ambos os resultados - com ou sem ajuste sazonal - foram os piores para meses de janeiro desde 2006, na série histórica disponibilizada pela entidade. Por mudança de metodologia, a pesquisa passou a partir deste mês a avaliar 22 setores industriais, ao invés dos tradicionais 21. Desse grupo de 22, 19 demitiram, dois contrataram e um manteve o nível de emprego estável.

A confiança dos empresários da indústria paulista melhorou na primeira quinzena de fevereiro. O índice Sensor, medido pela Fiesp, ficou em 41,4 pontos nos 15 primeiros dias de fevereiro, ante 38,7 pontos na segunda quinzena de janeiro. (Leia mais no Estadão)

Desemprego ameaça estabilidade global

Onda de demissões avança pelo mundo, e agência da ONU diz que 50 milhões de empregos podem ser perdidos

Desde advogados em Paris até operários de fábricas na China e seguranças na Colômbia, as fileiras dos desempregados estão inchando rapidamente em todo o mundo.

As perdas de empregos decorrentes da recessão que começou nos Estados Unidos em dezembro de 2007 podem chegar a estarrecedores 50 milhões até o final deste ano, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência das Nações Unidas. A recessão já levou à perda de 3,6 milhões de empregos nos Estados Unidos.

Os altos índices de desemprego, especialmente entre trabalhadores mais jovens, já levaram a protestos em países tão diversos quanto Letônia, Chile, Grécia, Bulgária e Islândia e contribuíram para greves no Reino Unido e na França.

No mês passado o governo da Islândia, país cuja economia está prevista para se contrair em 10% neste ano, caiu, e o primeiro-ministro adiantou as eleições nacionais, após semanas de protestos enfurecidos.

Na semana passada, o novo diretor de inteligência nacional dos Estados Unidos, Dennis C. Blair, afirmou ao Congresso que a instabilidade causada pela crise econômica global já é a maior ameaça à segurança norte-americana, passando o terrorismo.

"Quase todo o mundo foi pego de surpresa com a rapidez com que o desemprego vem crescendo, e quase todos estão sem saber como reagir", disse Nicolas Véron, do centro de pesquisas Bruegel, em Bruxelas, na Bélgica.

Em economias emergentes como as da Europa Oriental, teme-se que o desemprego crescente possa incentivar um afastamento da política de livre mercado, pró-ocidental, enquanto, nos países desenvolvidos, o desemprego pode reforçar o protecionismo. (Leia mais na Folha)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

UGT exige contrapartidas sociais ao PAC Paulista

Serra lança pacote para limitar efeitos da crise

A UGT participou do evento em que o governador José Serra anunciou o PAC Paulista. Nossa presença foi para reforçar e reivindicar que se privilegie o foco social, ou seja, monitorar cada investimento com vistas aos retornos em empregabilidade e ampliação das oportunidades para os paulistas. Insistimos, também, que o crédito que será gerado através da inicitiva do governo do Estado que chege, prioritariamente, às pequenas e médias empresas, sufocadas pelos grandes bancos (inclusive os públicos) para lhes dar condições de se movimentar e manter os atuais empregos. Insistimos também que o governo do Estado estimule as empresas paulistas a se valerem dos benefícios da Lei 10101, da PLR, que a exemplo do que ocorre em outros Estados, gera transferência de renda estimulada pela renúncia fiscal. Na segunda-feira, a UGT estará presente ao anúncio dos novos pisos salariais do Estado, válidos para categorias não organizadas. É importante a elevação do piso para garantir mais distribuição de renda e ao mesmo tempo estimular as entidades sindicais a buscar, também, a ampliação dos respectivos pisos profissionais. 

Leia mais: O governador paulista, José Serra (PSDB), anunciou ontem várias medidas econômicas para tentar atenuar o impacto da crise global no Estado de São Paulo. São 17 ações que envolvem, basicamente, a antecipação de recursos de R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2009, a desoneração de investimentos para determinados setores, o aperfeiçoamento e a abertura de linhas de crédito e a equalização da taxa de juros em financiamentos a micro e pequenas empresas.

"Não é só o governo do Estado que será capaz de segurar a onda. Mas nós podemos contribuir muito para segurar a onda", disse o governador em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Em seu discurso, Serra falou em "turbinar a demanda" e disse que o Brasil deve voltar a ser o país do emprego. Afirmou ainda que "estamos vivendo uma crise cujo tamanho não se conhece" e citou o britânico John Maynard Keynes, defensor do Estado na regulação da economia, e o presidente americano Franklin Roosevelt (1933-1945), que liderou a recuperação dos EUA pós-crise de 1929.

As medidas foram anunciadas pelo ex-governador e atual secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. Ocorrem num momento em que a indústria paulista cortou 7 mil vagas em 2008 e dois dias após o PT ter aprovado uma resolução em que acusa os governos do PSDB e do DEM de não terem tomado medidas contra a crise.

Um dos nomes do PSDB para disputar a Presidência da República em 2010, o governador tentou desvincular o anúncio das medidas de eventuais pretensões eleitorais. "Às vezes, nem os jornalistas entendem o que é o trabalho de um governo que cumpre a sua obrigação. Parece uma coisa excêntrica, com motivações misteriosas, grandes conspirações."

Questionado sobre a política monetária do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Serra evitou criticá-la: "Hoje vou falar das coisas de São Paulo. Todo mundo sabe o que eu penso de política monetária, de juros e tudo o mais". O tucano critica o alto nível dos juros brasileiros.

Os investimentos anunciados já constam do Orçamento de 2009. Serão R$ 20,6 bilhões, a maior parte em obras de transporte (R$ 5 bilhões) e saneamento (R$ 2,5 bilhões) e no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (R$ 4,2 bilhões). O objetivo é manter ou criar 858 mil empregos. No ano passado, os investimentos de R$ 15 bilhões ajudaram a criar 630 mil empregos diretos e indiretos. O governo não especificou quantos empregos serão criados. (Leia mais no Estadão)

Endividamento em SP é o menor em cinco anos

Presidente da Fecomercio-SP diz que consumidores estão mais cautelosos na hora de assumir novas dívidas.

O total de famílias endividadas na cidade de São Paulo caiu de 45% em janeiro para 38% em fevereiro, o menor nível registrado nos últimos cinco anos, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) começou a ser realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). De acordo com o presidente da Fecomercio-SP, Abram Szajman, os consumidores estão mais cautelosos na hora de assumir novas dívidas e até mesmo buscam quitar as existentes.

Na avaliação de Szajman, esse comportamento é influenciado pelas incertezas em relação à magnitude dos impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Do total de famílias endividadas, 12% estão com contas em atraso. Na comparação com fevereiro de 2008, houve recuo de dez pontos porcentuais.

Em relação ao cartão de crédito, 46% estão com a fatura pendente, enquanto os carnês em atraso comprometem 28%. Os outros débitos estão relacionados a crédito pessoal (8%); cheque especial (4%); cheque pré-datado (2%), e crédito consignado (2%). (Leia mais no Estadão)

40 mil desempregados de SP terão auxílio de R$ 210

Medida faz parte do pacote de estímulo econômico no Estado e chamado nos bastidores de 'PAC paulista'.

O governo do Estado de São Paulo vai oferecer alimentação e transporte gratuitos a 20 mil trabalhadores do Programa Estadual de Qualificação que estiverem recebendo o seguro-desemprego. A medida faz parte do pacote de estímulo à atividade econômica no Estado, anunciado nesta quinta-feira, 12, e chamado nos bastidores de "PAC paulista". A previsão do programa de qualificação é atender 60 mil pessoas este ano. Quarenta mil vagas serão destinadas a desempregados sem direito a seguro-desemprego, que vão receber uma bolsa-auxílio de R$ 210 por três meses, além de transporte e alimentação gratuitos.

A partir de 1.º de julho, o governo inicia o programa Microempreendedor Individual, com o objetivo de formalizar neste ano 300 mil autônomos e camelôs com renda anual de até R$ 36 mil, ou R$ 3 mil mensais. O Carnê da Cidadania, com valor entre R$ 46,55 e R$ 50,65, será o pagamento correspondente a todos os tributos devidos, inclusive Previdência Social. (Leia mais no Estadão)

Empresas ignoram projeções pessimistas e anunciam investimentos

Do petróleo ao sal de cozinha, das camisas ao telefone, das bebidas a bombas e válvulas... Empresas no Brasil tomam a direção contrária da crise e começam a anunciar investimentos num momento de desaceleração global, mostra reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal O GLOBO. A OGX, empresa de petróleo e gás de Eike Batista, a PWR Mission, de bombas e válvulas, a Coca-Cola, a TIM, a Matte Leão, a Sal Cisne e até a pequena Grande Camiseira são alguns exemplos desse movimento. Até mesmo na indústria automobilística, as negociações para redução de jornada começam a esfriar.

A Coca-Cola Brasil anunciou nesta quinta-feira que investirá R$ 1,75 bilhão este ano, acreditando que o consumo da Classe C será mantido. O valor é 16,6% maior que o de 2008. O presidente da empresa, Xiemar Zarazúa, ressalta que, em alguns anos, o Brasil pode chegar à segunda posição no mundo. Hoje está atrás dos Estados Unidos e do México. A empresa prepara lançamentos para este ano. O primeiro será uma versão do guaraná com chá verde, o Kuat Eko. Em 2008, as vendas subiram 7%, e o faturamento chegou a R$ 15 bilhões, alta de 25% frente a 2007.

A TIM Brasil, terceira maior empresa de telefonia móvel do país, também divulgou nesta quinta-feira que está negociando a aquisição do controle acionário da Intelig, operadora de longa distância do Grupo Docas, do empresário Nelson Tanure. Segundo analistas, o negócio pode ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. A companhia italiana também está investindo R$ 2,3 bilhões para a construção de redes de fibra óptica.

Já a OGX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista, informou que está antecipando em um mês a exploração na Bacia de Santos, no bloco BM-S-29. O início da perfuração será em junho. O mercado reagiu bem ao anúncio: as ações subiram 3,74%. Com um caixa de R$ 7,5 bilhões, a OGX pretende investir US$ 2 bilhões em exploração e outro US$ 1 bilhão na produção. A OGX quer começar a produzir no fim de 2011.

Catadores terão apoio técnico e capacitação para enfrentar efeitos da crise

Cerca de 10 mil catadores de papel serão capacitados e receberão apoio técnico por meio de convênio firmado entre a Fundação Banco do Brasil (FBB) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável, Severino Lima Júnior, a categoria já sofre os efeitos da crise econômica.

 “Ela [crise] tem nos afetado de maneira drástica”, disse Severino. No início de novembro, o papel branco era vendido a R$ 0,50 e hoje há cooperativas vendendo a R$ 0,10. “A queda nos preços foi muito grande, sem contar que o consumo diminui e da mesma forma diminui a quantidade de lixo e de resíduos que chegam às mãos dos catadores”, explicou Severino.

O convênio prevê a aplicação de R$ 16 milhões em ações de capacitação em 19 estados até o fim deste ano. As cooperativas deverão elaborar projetos que serão analisados por uma comissão da FBB. Serão, então, escolhidas 19 organizações regionais de catadores para coordenar as ações em cada unidade da federação.

Os cursos serão de 128 horas-aula e abordarão temas como a organização do trabalho, gestão, logística da coleta seletiva e meio ambiente. Haverá ainda assessoria técnica às cooperativas e catadores que mantenham empreendimentos no ramo.

Para o presidente da FBB, Jacques Pena, o segmento dos catadores é um dos mais organizados nacionalmente, e o convênio poderá melhorar a geração de renda desses trabalhadores. “Em cidades médias, os catadores são responsáveis pela captação de um volume significativo dos resíduos sólidos produzidos. Só isso já justificaria o convênio.”

O secretário nacional de Economia Solidária do MTE, Paul Singer, ressaltou que os catadores são importantes para o desenvolvimento sustentável das cidades.

“Eles são os mais excluídos, são pessoas que muitas vezes nem têm casa para morar e vivem de reciclar aquilo que nós jogamos fora. Eles desempenham uma função ecológica absolutamente estratégica. No mundo inteiro, os recicladores fazem parte da vanguarda da luta contra a degeneração dos recursos naturais do planeta”, afirmou.

Severino espera que outros acordos possam ajudar os catadores também com a compra de equipamentos, como prensas e caminhões para o transporte dos resíduos. “A gente está muito acostumado a ver na mídia recurso público que é mal utilizado, mal investido, mas os catadores fazem valer aqueles recursos que são aplicados dentro da cooperativa. A gente faz esse dinheiro valer, porque é uma grande responsabilidade”, afirmou.

Além da capacitação, um dos objetivos do convênio é promover a mobilização dos catadores. Uma organização do segmento em âmbito nacional ficará responsável pelo desenvolvimento de um projeto que inclui a realização de uma conferência para discutir uma política nacional de resíduos sólidos para o país.

(Agência Brasil)