quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Já temos o patamar para consolidar um Brasil muito mais justo e gerador de oportunidade e trabalho para seu povo

Mobilizar para avançar muito além do Bolsa Família

Por Chiquinho Pereira, secretário nacional de organização e políticas sindicais da UGT

Na política a gente vive de sonhos e de indicadores concretos. Sempre sonhamos com um Brasil justo no qual a dignidade fosse incorporada na auto-estima dos seus cidadãos. Sempre nos apoiamos em indicadores que mostram que é possível colocar em prática politicas públicas que controlem a inflação, como fizemos com o Plano Real em 1994, que melhorem a distribuição de renda, como fizemos com a recente valorização do salário mínimo, no governo do presidente Lula.

E agora, na transição do governo Lula para Dilma Rousseff, alguns indicadores nublam o nosso sonho. É preciso que o movimento sindical concentre suas atenções para muito além do ambiente corporativo e resgate e amplie ainda mais a vinculação com os destinos da classe trabalhadora brasileira, que foi o que nos deu origem e é a razão de nossa existência.

É importante também que recuperemos o valor do Trabalho como parâmetro essencial na dignidade das pessoas, na garantia do controle da própria vida, na sustentação de sua cidadania e, principalmente, transformar o Trabalho em um dos pilares de atitudes cívicas, que faz parte da formação da alma do brasileiro.

Somos um povo trabalhador que mesmo nas épocas e nas situações em que precisamos do Bolsa Família estamos de olho em como buscar uma saída em que possamos dizer esta camisa é minha, este aluguel é pago por mim, esta prestação foi paga com o suor do meu esforço.

Mas para avançar além da fase do apoio emergencial do Bolsa Família nos obriga, enquanto sindicalistas, cidadãos, governos estaduais e federal, a consolidar a estrada da inclusão social, que é o principal lema da UGT, através da qualificação complementar que se transforme em oportunidade de inclusão econômica.

E essa inclusão econômica se dá através do emprego, do trabalho que dignifica as pessoas, que reafirma a cidadania conjugada com o controle da própria vida e da própria renda.

Os indicadores que o Bolsa Família nos passam devem ser comparados com os indicadores das milhares de vagas em aberto por não se encontrar trabalhadores e trabalhadoras qualificados.

E é nosso papel, como sindicalistas, exigir (e ao mesmo tempo apoiar) iniciativas dos governos estaduais e federal, nesta nova arrancada pós eleitoral, no comprometimento com projetos que melhorem essa ponte entre o desemprego e a oportunidade de um trabalho que nos honre e dignifique.

Os sindicatos e suas centrais, especialmente a UGT, estão dispostos a contribuir para muito além do discurso corporativo e da presença nas fotos oficiais. Temos estrutura e prédios que estão à disposição de parcerias com o poder público para serem usados na qualificação permanente de grandes massas de trabalhadores. Temos vinculações sociais com universidades, com escolas técnicas, com profissionais altamente qualificados que precisam apenas de serem expostos aos milhares de desempregados que buscam a oportunidade do aprendizado que se transforme em emprego e trabalho.

Somos um povo sonhador e trabalhador. Sonhamos com uma vida digna e estamos dispostos a nos esforçar por ela. Sempre foi assim ao longo de nossa História, mesmo quando não tínhamos ainda a oportunidade de nos tornarmos consumidores, com a estabilidade da moeda e com a expansão da renda.

Mas queremos avançar para muito além da mão para a boca e consumir também dignidade, cidadania, orgulho de sermos os responsáveis por nossas próprias vidas.

Somos um povo agradecido e sabemos reconhecer a ajuda do Bolsa Família quando necessária, mas queremos trabalhar para colocar nossas próprias mãos no nosso destino. E só sabemos construir nosso futuro com trabalho. Mas as oportunidades não chegam mais através de uma enxada.

Agora, se exige cada vez mais a qualificação específica, o conhecimento prático de informática e o acesso às redes mundiais de computadores. Exige também a visão gerencial do próprio universo produtivo ou dos serviços como garantia de que a vaga que estamos dispostos a entregar nossa energia e esforço será de fato nossa.

É com essa mobilização trabalhadora, somando cérebros e músculos, corações e mentes, que vamos acelerar, ainda mais, a expansão e consolidação do mercado interno brasileiro. Pois só no mais terrível dos pesadelos veríamos um Brasil em que uma parte trabalha para sustentar outros em situação precária e humilhante. Por isso a urgência de mobilizarmos o Brasil todo, em cada um dos seus agrupamentos sociais e sindicais, para avançarmos para muito além do Bolsa Família e consolidar os caminhos da dignidade sustentados pelo emprego, pelo esforço, enfim, pelo Trabalho.

Leia os clippings do dia:

Homens e brancos ainda detêm maior renda salarial, diz Ipea

Participação das mulheres não supera os 50% da massa salarial em nenhuma das seis regiões metropolitanas pesquisadas.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta terça-feira, 14, mostra que as mulheres ainda sofrem com salários abaixo da média dos homens no País. A participação delas não supera os 50% da massa salarial total em nenhuma das seis regiões metropolitanas verificadas pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que serviu de base para o estudo do Ipea. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, há 95,9 homens para cada 100 mulheres no País.

A massa salarial das mulheres no Brasil atingiu R$ 12,7 bilhões em outubro último, ante R$ 11 bilhões em janeiro do ano passado. No mesmo período comparativo, a massa salarial dos homens somava R$ 21,2 bilhões (outubro de 2010) e R$ 19,1 bilhões (janeiro de 2009). A maior participação feminina na massa salarial é verificada nas regiões metropolitanas de Salvador e Porto Alegre. E ainda sim respondem por cerca de 40% do total. Belo Horizonte e Rio de Janeiro têm o resultado mais baixo neste quesito: 36,4%. Em São Paulo, a massa salarial das mulheres somou em outubro R$ 5,8 bilhões e a dos homens, R$ 9,3 bilhões. "Fica claro, então, que ainda existe uma concentração de renda para pessoas do sexo masculino", afirma o documento do Ipea.

Os dados compilados pelo Ipea a partir do IBGE mantêm a região metropolitana de São Paulo como a de maior representatividade na massa salarial do País, com rendimento de R$ 15,2 bilhões em outubro (em janeiro de 2009 era de R$ 14,6 bilhões). Recife, em contrapartida, tem a menor massa salarial: R$ 1,7 bilhão em outubro passado (somava R$ 1,3 bilhão em janeiro de 2009). No conjunto das seis regiões metropolitanas, a massa salarial cresceu de R$ 30,2 bilhões no início do ano passado para R$ 34 bilhões em outubro de 2010.

Para todas as regiões pesquisadas - São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte - a população branca responde pela maior parte da massa salarial. Na capital gaúcha, ela representa pouco mais de 90%, enquanto na capital pernambucana há equilíbrio nas participações de brancos e pardos, ambos com 48% do total.

A participação da população de cor negra apresenta maior representatividade em Salvador - cerca de 14% da massa salarial - e menor em Recife - perto de 3%. De acordo com o Ipea, amarelos e indígenas possuem participação menor que 2% em todas as regiões presentes no estudo.

Setores — Com exceção da região metropolitana de São Paulo, as ocupações incluídas na categoria administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços social respondem pela maior parte da massa salarial. Entre setembro de 2009 e o mesmo mês de 2010, esse setor não apresentou variações significativas, a não ser na capital baiana, que registrou crescimento de mais de 5% entre março e setembro deste ano.

"Quanto ao Brasil, a tendência foi semelhante às das regiões metropolitanas", com valores em torno de 25%. Na capital paulista, o setor que mais responde pela massa salarial é o de intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados a empresas, com 23% de participação.

Quanto ao setor de construção, a massa salarial não apresentou variação para o País, com valores em torno de 6%, estabilidade também verificada nas regiões pesquisadas, a não ser em Salvador. "Com relação a essa região metropolitana, é passível de ter ocorrido uma sazonalidade com queda na taxa de 2,4% em março de 2010. Entretanto, em setembro de 2010, a taxa retornou para valores próximos dos de setembro de 2009, variação de 0,6% (7% em 2009 e 7,6% em 2010)", diz o documento. (Estado)

Comércio caminha para fechar 2010 com alta recorde de vendas

No acumulado do ano até outubro, o varejo acumula alta de 11,1%.

O comércio varejista do País está caminhando para um resultado de vendas recorde em 2010. Embora tenha ressaltado que o IBGE não faz previsões, o economista da Coordenação de Serviços e Comércio do instituto, Reinaldo Silva Pereira, argumentou que, no acumulado do ano até outubro, as vendas do comércio varejista acumulam alta de 11,1%. Desde o início da série histórica da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), em 2001, o volume de vendas do comércio nunca fechou o ano com expansão de dois dígitos.

Além disso, Pereira comentou que os resultados de vendas que ainda estão por vir, referentes aos meses de novembro e dezembro, são conhecidos historicamente como bons, tendo em vista a proximidade com as compras de Natal. "Não creio que teremos resultados negativos nestes dois últimos meses do ano. Não posso fazer previsões sobre desempenho. Mas pelo que posso perceber, estamos caminhando sim para um crescimento de dois dígitos no comércio varejista", afirmou.

Ele acrescentou ainda que o comércio teria tido uma alta no volume de vendas de dois dígitos em 2008, não fosse "atropelado" pela crise global, cujo período mais agudo começou em setembro daquele ano. Até o momento, o melhor resultado anual das vendas do comércio varejista é o referente a 2007, quando houve alta de 9,7%.

Na análise do técnico, caso o volume de vendas do varejo encerre 2010 com evolução de dois dígitos, o segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios e fumo terá sido fundamental para compor resultado positivo. Isso porque, além de ser o segmento de maior peso entre os pesquisados pelo IBGE para cálculo da evolução de vendas no varejo, até outubro deste ano, este segmento já acumula alta de 9,7%. Este aumento já é superior ao fechamento de todos os anos, neste setor, desde o início da série em 2001. (Estado)

Classe C já compra mais eletros que AB
Nova classe média deve responder por 45% das vendas desses produtos em 2010, 18 pontos percentuais a mais que em 2002. Computador é o produto que apresenta maior alta; participação das classes DE no consumo permanece estagnada.
A classe C se tornou a principal consumidora de eletrodomésticos e eletrônicos e desbancou as famílias das classes A e B durante os anos de governo Lula. A chamada "nova classe média" deverá encerrar 2010 com 45% da fatia de gastos desses produtos no país, enquanto os mais ricos ficarão com 37%.
"Essa parcela da população foi beneficiada pelo aumento do emprego formal e pela forte expansão do crédito. Por causa desses fatores, a ampliação do consumo, que ocorreu em todas as classes, foi mais intensa nessa categoria", afirma Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular.
Os dados fazem parte de estudo do instituto, obtido pela Folha e realizado a partir de dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no período de 2002 a 2010.
Segundo o levantamento, no início do governo Lula o topo da pirâmide representava 55% do consumo desses bens; já a classe C tinha 27%.
"A tendência é que a classe C se consolide cada vez mais como a principal consumidora do país. Em 2011, deverá encostar nos 50% [de participação nos gastos com eletros]", prevê Meirelles. As classes D e E ficaram estáveis no período, com 18% da fatia.
TAMANHO — Outro fator que explica o potencial é o seu tamanho. Com 94,9 milhões de pessoas, a classe média do Brasil representa 50,5% da população, e a AB fica com 10,5%, segundo estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas) com base em dados da Pnad 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
"O gasto per capita da classe C é menor do que a das superiores, mas o seu peso fica maior por ser mais volumosa", diz o economista-chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Neri.
Neste ano, as famílias brasileiras gastarão R$ 45 bilhões com eletrodomésticos e eletrônicos, de acordo com o Data Popular. Desse total, R$ 20,1 bilhões virão da classe C, R$ 16,7 bilhões das A e B e R$ 8,2 bilhões das D e E.
COMPUTADOR — Entre os bens de consumo, o computador foi o que apresentou o maior crescimento dentro dos lares brasileiros -passou de 14% dos lares, em 2002, para 34% em 2009. "Parte dessa classe C é composta por pessoas que ascenderam socialmente, que não tinham um computador ou uma televisão de plasma e passaram a consumir esses produtos", avalia Neri.
Para o especialista, a presença do computador nas casas é um fator positivo. "Trata-se de um artigo produtivo, assim como o celular, que traz condições para as pessoas trabalharem no fim de semana ou em casa."
Na classe média, a evolução foi ainda mais intensa. Em 2002, apenas 13 em cada 100 domicílios tinha microcomputador. Já em 2009, eram 52%.
Na opinião da professora do Provar (Programa de Administração do Varejo) da FIA (Fundação Instituto de Administração), Elaine Brito, a classe D será a próxima a ascender fortemente e deverá ter uma evolução mais forte no consumo durante os próximos anos. "Sairão do consumo básico para realizar desejos." (Folha)

Cabral afirma que país deve modificar lei sobre aborto

"Quem aqui não teve namoradinha que precisou abortar?", diz governador.
Em evento em SP, aliado de Dilma critica uso do tema na campanha e afirma que a legislação é "falsa" e "hipócrita".
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que o país precisa reformular a legislação sobre o aborto.
"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar? Meus amigos, vamos encarar a vida como ela é", afirmou, durante palestra em evento da revista "Exame", ontem em São Paulo.
Segundo Cabral, a descriminalização do aborto deve ser ampliada, mas não se aplica a ele: "Fiz vasectomia e sou muito bem casado".
Ele criticou a legislação. "Do jeito que está, está errado, falso, hipócrita. Isso é uma vergonha para o Brasil. Vamos pegar países onde a religião tem um peso. Espanha, Portugal, França, Inglaterra, Estados Unidos. Eles gostam menos da vida do que nós? Esse é o ponto."
Para o governador, o tema foi "muito mal discutido" na campanha eleitoral.
A presidente eleita Dilma Rousseff, mudou sua posição sobre o aborto, antes favorável à descriminalização. O assunto rendeu polêmica com evangélicos e católicos.
Segundo Cabral, "a mulher tem que ser muito ouvida e participar ativamente dessa discussão".
"Porque se você tem de 200 mil a 300 mil mulheres que anualmente vão para os hospitais para reparar danos causados por abortos malfeitos, o poder público tem que estar preparado", emendou.
"Ninguém é a favor do aborto, mas uma coisa é uma mulher, por alguma necessidade, física ou psicológica, psiquiátrica ou orgânica, desejar interromper uma gravidez", disse ele.
O governador ressaltou que "1 milhão de mulheres, talvez mais, todo ano fazem aborto, só que o sujeito de classe média alta tem uma clínica de aborto, clandestina, mas em melhores situações, mesmo que não passe por controle de vigilância sanitária ou médica". (Folha)

Comissão estende Lei Maria da Penha a namorada agredida
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei que inclui namoradas e ex-namoradas sob a proteção da Lei Maria da Penha.
Segundo a autora da proposta, Elcione Barbalho (PMDB-PA), os tribunais não têm reconhecido a relação do namoro como protegida pela lei, reconhecendo só uniões formais. "O Legislativo não pode se quedar inerte diante dessa interpretação da lei, que beneficia determinado grupo de agressores, qual seja: namorados e ex-namorados", diz Elcione ao justificar o projeto.
Se não houver recurso, a proposta da deputada seguirá para análise do Senado.
A Lei Maria da Penha pretende garantir a integridade da mulher vítima de violência ou sob ameaça com medidas como a proibição de que o agressor se aproxime da vítima ou faça contato com ela.
A lei foi batizada em homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia, que ficou paraplégica após duas tentativas de assassinato em 1983. Acusado pelos crimes, o marido, Marco Antonio Herredia, só foi preso 19 anos depois. (Folha)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Estimular a concorrência para melhorar salários e reduzir preços finais aos consumidores

Cartéis do varejo reduzem concorrência, ameaçam emprego e inflação

Por Marcos Afonso de Oliveira, secretário de comunicação da UGT

A concentração de poucas empresas no setor varejista ameaça não apenas os trabalhadores, mas também os fornecedores e os consumidores finais. É uma praga econômica que se alastra pelo Brasil e onde se posiciona mata toda a iniciativa privada que se consolidou durante décadas na região. Como é o caso das padarias, das farmácias, dos postos de gasolina. E agora, estendem seus tentáculos para a venda de eletro-eletrônicos, para seguros etc. numa escalada de alta concentração que não se reflete em menores preços. Ao contrário, basta visitar as diferentes lojas e as supostas ofertas se transformam num preço médio, aparentemente, pré-acordado entre as redes varejistas, confirmando que o oligopólio exerce de maneira ilegal seu poder de controle dos preços, elimina a concorrência e prejudica os consumidores finais. A concentração das redes varejistas deve ser combatida em várias frentes, em função do poder que elas têm sobre a mídia convencional. E a UGT está preocupada com a situação que é contra os interesses dos consumidores finais e dos trabalhadores e vai propor uma legislação específica para controlar essa concentração que transforma as redes que operam no Brasil em tentáculos de empresas multinacionais, num momento em que precisamos de ações mais efetivas para controlar a inflação, especialmente a de alimentos, que paira como uma ameaça em nossa economia.

Leia o clipping do dia:

Aumenta concentração de redes do varejo no Brasil
Cinco maiores grupos detêm 57% do faturamento do setor, segundo ranking. As maiores varejistas faturaram 12,5% mais em 2009 em relação ao ano anterior, enquanto o setor cresceu 7%.
As cinco maiores empresas do varejo do país aumentaram em 12,5% seu faturamento real na comparação do ano passado com o anterior. No mesmo período, o varejo teve expansão de 7% (descontada a inflação).
Juntos, esses cinco grupos faturaram R$ 94,5 bilhões em 2009 -o que correspondeu a 57% do faturamento total de 80 empresas que fazem parte do primeiro ranking do varejo do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo), lançado oficialmente hoje em São Paulo.
Em 1994, as cinco maiores redes de varejo detinham pouco mais de 45% do total de vendas do setor.
O Ibevar é formado por 30 executivos de companhias de varejo de 17 segmentos e por diretores do Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA, a quem o instituto é ligado.
"A maior concentração no setor é resultado da necessidade de buscar economia de escala para reduzir custos operacionais. A tendência é que esse movimento se intensifique", afirma o professor Claudio Felisoni, coordenador do Provar e presidente do novo instituto.
Os dados do ranking do Ibevar já levam em consideração informações do varejo após as recentes fusões e aquisições que ocorreram no setor. Caso da criação da Máquina de Vendas, formada por Ricardo Eletro e Insinuante, em março deste ano, e da expansão do Magazine Luiza, ao comprar há cinco meses a rede paraibana de eletrodomésticos Lojas Maia.
PRODUTIVIDADE — A concentração no setor fica ainda mais evidente, segundo os especialistas, quando se considera a produtividade por funcionário das dez maiores empresas e das dez menores do ranking do Ibevar.
"A produtividade dos dez maiores é, na média, quase 60% maior do que a das menores. Isso é reflexo do uso de tecnologias mais eficientes e dos investimentos em logística feitos pelos maiores", diz Nuno Fouto, diretor de estudos e pesquisas do Provar.
A internacionalização do setor também é uma das tendências que devem se acentuar no Brasil, segundo ressaltam os especialistas.
Há cerca de 15 anos, das cinco maiores redes somente uma tinha capital estrangeiro. Hoje, as cinco primeiras do ranking ou têm capital estrangeiro ou são extensões de operações internacionais.
"Com o crescimento modesto do PIB da Europa e dos EUA, com a perspectiva de crescimento da economia brasileira nos próximos anos e com o ingresso de 30 milhões de brasileiros no mercado de consumo (entre 2004 e 2005), cada vez mais os estrangeiros devem agilizar a vinda ao Brasil", diz Felisoni. (Folha)

Receita divulga regras para declaração do Imposto de Renda 2011

A Receita Federal publicou nesta segunda-feira, 13, no Diário Oficial da União as novas regras para a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física 2011 (ano-calendário de 2010). Segundo a Receita, é obrigatória a apresentação da declaração do contribuinte que recebeu rendimentos tributáveis superiores a R$ 22.487,25 em 2010 ou rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte superiores a R$ 40 mil, entre outras situações. No Imposto de Renda 2010, eram obrigados a declarar os contribuintes residentes no Brasil com rendimentos tributáveis acima de R$ 17.215,08.

Pela primeira vez, não será mais permitida a entrega de formulários de papel. O contribuinte deverá fazer sua declaração por computador, usando o Programa Gerador de Declaração (PGD), que poderá baixado no site da Receita. O envio deverá ser feito pela internet, por meio do programa de transmissão da Receita, o Receitanet, ou por disquete, que terá de ser entregue nas agências da Caixa Econômica Federal ou do Banco de Brasil.

A declaração deverá ser apresentada no período de 1º de março a 29 de abril. Após esse período, o contribuinte ficará sujeito a multa de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido. A multa terá o valor mínimo de R$ 165,74 e como valor máximo 20% do Imposto sobre a Renda devido. O saldo do imposto deve ser pago em até 8 parcelas mensais e sucessivas, corrigidas pela taxa Selic. (Estado)

Capitais receberão novas cédulas de real até esta 4ª feira

As novas notas de R$ 50 e R$ 100 devem estar disponíveis em todas as capitais brasileiras até esta quarta-feira, segundo informou o Banco Central (BC) durante a cerimônia de lançamento da segunda família do real. Em seguida, as cédulas partem para os outros municípios. A substituição se dará aos poucos, na medida em que o desgaste natural for tirando as notas de circulação. A instituição esclarece que não é necessário correr para trocar as cédulas antigas pelas novas.

- Elas serão colocadas em circulação a partir de hoje (ontem). Diferentemente do que aconteceu no passado, quando se impunha uma substituição em prazo curto, a segunda família virá de forma gradual. As duas famílias vão conviver normalmente. As antigas cédulas manterão seu valor até a sua extinção - disse o presidente do BC, Henrique Meirelles.

Estão sendo trazidas para a economia 42 milhões de cédulas de R$ 50, no valor total de R$ 2,1 bilhões, e outras 24 milhões de cédulas de R$ 100, no valor de R$ 2,4 bilhões. Elaboradas com nova tecnologia a partir de equipamentos de última geração, as cédulas são mais seguras e estão menos sujeitas a falsificação.

As notas de R$ 10 e R$ 20 serão lançadas no ano que vem. Já as cédulas de R$ 5 e R$ 2 ficaram para 2012. Para tirar dúvidas ou conhecer melhor os elementos de segurança das novas cédulas de real, pode-se consultar o site www.novasnotas.bcb.gov.br. (O Globo)

Inadimplência de consumidores é a maior em cinco anos, diz Serasa

A inadimplência dos consumidores subiu 3,5% em novembro, na comparação com outubro, atingindo a maior variação para esses meses desde 2005. Foi a sétima alta mensal consecutiva.

Na comparação com novembro de 2009, a inadimplência subiu 23,2%, a maior entre os meses de novembro desde 2001. No acumulado do ano, o indicador registrou alta de 5%.

A inadimplência com empresas não bancárias - cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica e água - subiu 7,7%, contribuindo com uma variação positiva de 2,8% no índice.

Já as dívidas com cheques sem fundos e com os títulos protestados também tiveram alta e contribuíram com 1,7% e 0,1%, respectivamente, no aumento da inadimplência.

As dívidas com os bancos caíram 2,3%, contribuindo com um decréscimo de 1,1%.

Segundo a Serasa Experian, aceleração registrada em novembro é resultado do maior endividamento e comprometimento da renda do consumidor e do acúmulo de dívidas com as compras nas datas comemorativas do varejo, sobretudo no Dia das Crianças. (O Globo)

Fiat anuncia hoje nova fábrica em PE

Belini, presidente do grupo Fiat, seguiu para Pernambuco ontem para acertar os detalhes do anúncio que será feito hoje

A pouco mais de duas semanas do encerramento de seu mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia hoje a construção de uma montadora em Pernambuco, seu estado de origem. O investimento será feito pelo grupo Fiat, que terá no Nordeste a sua segunda unidade de produção de automóveis da marca italiana.

Lula estará hoje em Salgueiro, um município do sertão de Pernambuco, a 500 quilômetros de Recife. O presidente da República estará lá para vistoriar as obras da ferrovia Transnordestina. O evento é uma maneira de aproveitar a presença do presidente da República no Estado para o anúncio oficial do investimento da multinacional.

O presidente do grupo Fiat no Brasil, Cledorvino Belini, passou o dia de ontem em Pernambuco, para acertar detalhes finais do projeto com o governador Eduardo Campos PSB).

Diferentemente do que foi publicado pelo Valor na edição do dia 10, o projeto não envolve a produção de veículos Chrysler, a montadora americana que passou para o comando da Fiat em 2009. A fábrica pernambucana vai ajudar a ampliar a capacidade de produção dos modelos da própria marca italiana, que há quase quatro décadas vêm sendo produzidos somente na fábrica instalada em Betim (MG).

O grupo Fiat condicionou o investimento em Pernambuco a incentivos federais. Na sexta-feira, o Diário Oficial da União publicou o Decreto 7.389/2010, por meio do qual as empresas do setor automotivo instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e que apuram IR pelo regime do lucro presumido podem utilizar até dezembro de 2020 os créditos de IPI acumulados para quitar outros tributos federais, como o PIS e a Cofins.

A Fiat segue, assim, uma estratégia semelhante à adotada pela Ford, que convenceu o governo federal a relançar benefícios fiscais para o Nordeste em troca de investimento em expansão da sua fábrica em Camaçari (BA).

O grupo italiano condicionou o investimento em Pernambuco a incentivos federais — A notícia de uma montadora em Pernambuco começou a atrair investimentos de fabricantes de autopeças para a região. A fabricante de baterias Moura vai investir R$ 500 milhões nos próximos anos para dobrar sua capacidade de produção. No período, serão erguidas novas fábricas, todas em Pernambuco, sendo uma já garantida para o Complexo Portuário de Suape, onde deverá ser erguida a nova fábrica da Fiat.

O processo de descentralização da indústria automotiva no Brasil começou em meados da década de 90, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso criou o regime automotivo. O mecanismo garantia redução do Imposto de Importação em veículos, equipamentos e autopeças para os fabricantes de veículos e de autopeças que investissem em novas fábricas e que se comprometessem a exportar.

O programa acabou provocando também uma guerra fiscal entre os Estados. Dessa forma, Paraná e Rio Grande do Sul ganharam novas fábricas. Posteriormente, o governo criou o chamado regime automotivo especial para Norte, Nordeste e Centro-Oeste, levando montadoras também para a Bahia e Goiás. Hoje, o Brasil tem 25 fábricas de veículos, que, juntas, vão alcançar a produção de 3,640 milhões de unidades. Esse total equivale a exatamente o dobro do que foi produzido em 2003.

A Fiat é líder de vendas no mercado brasileiro. Mas a Volkswagen , com três fábricas, é a maior fabricante de veículos do país. (Valor)