terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nos manter atentos e mobilizados para evitar que inflação e recessão afetem nossos empregos

Inflação pelo IPC-S acelera em 6 de 7 capitais

Segundo a FGV, na passagem da 2ª para a 3ª prévia de janeiro, destaque novamente ficou com São Paulo, cuja inflação saltou de 0,92% para 1,10% no período.

A inflação do varejo acelerou em seis das sete capitais pesquisadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para cálculo do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) de até 22 de janeiro. Segundo informou nesta terça-feira, 25, a instituição, na passagem da segunda para a terceira prévia de janeiro, o destaque novamente ficou com São Paulo, cuja inflação saltou de 0,92% para 1,10% no período. A cidade de São Paulo é a de maior peso no cálculo do IPC-S entre as sete pesquisadas, representando quase 50% do total do indicador.

As outras cidades que mostraram taxa de inflação mais forte no mesmo período foram Recife (de 0,87% para 0,99%), Rio de Janeiro (de 1,36% para 1,43%), Brasília (de 0,82% para 0,96%), Salvador (de 1,18% para 1,34%) e Belo Horizonte (de 0,91% para 1,03%). A única cidade entre as analisadas a apresentar desaceleração da alta de preços foi Porto Alegre (de 1,10% para 0,93%). (Estado)

Empréstimo cai após medidas de restrição

Os dados de crédito do Banco Central (BC) a serem divulgados amanhã vão trazer os primeiros impactos das medidas de restrição à oferta de empréstimos feitas pelo governo no início de dezembro. O aumento do compulsório sobre depósitos à vista e a prazo, bem como o maior requerimento de capital para financiamentos às pessoa física já devem pesar nas estatísticas. Segundo a sondagem realizada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com as instituições financeiras, no último mês de 2010, as novas concessões acumuladas devem ter apresentado uma retração mensal de 4% nas carteiras de pessoas físicas, que foram foco das ações de aperto promovidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Com o maior requerimento de capital para operações acima de 24 meses, o financiamento de veículos é que deve sofrer um dos maiores baques, com queda de 7% em dezembro. O mesmo recuo é esperado para o rotativo do cartão de crédito. Em novembro, o governo estabeleceu um prazo para que os bancos emissores elevassem o pagamento mínimo das faturas de cartões. Em abril, passa de 10% para 15% e em dezembro sobe a 20%. Como no último bimestre do ano há o pagamento do décimo terceiro salário, o uso do rotativo tenderia a ser, em tese, menor. Mas nessa base também entram as compras parceladas sem juros.

Na média diária das concessões, dezembro, com três dias úteis a mais que novembro, deve registrar retração significativa tanto nos portfólios de pessoa física quanto jurídica, segundo o levantamento da Febraban. Já considerando os efeitos sazonais do período, nas carteiras de consumo a expectativa é de uma queda de 16%. Nos desembolsos destinados às empresas, o recuo deve ser de 10% na passagem mensal.

Com essa dinâmica, os saldos dos empréstimos com recursos livres, após períodos seguidos de expansão mensal - de 1,8% na média entre agosto e novembro - devem ter crescido de forma mais comedida em dezembro. A sondagem preliminar da Febraban aponta para um incremento de 1,1%, encerrando o ano com 16,5%. Em pessoa física, o acréscimo é calculado em 1,2%, ante 2,1% de novembro. O desempenho deve fazer os empréstimos para pessoa física encerrarem 2010 com aumento de 18,1%. Na pessoa jurídica, a alta esperada é de 1% no saldo em dezembro, em comparação a 1,8% em novembro, fechando o ano com variação de 15,1%.

Mantido o recente comportamento do crédito direcionado, a relação crédito/Produto Interno Bruto (PIB) deve encerrar o ano em 46,5%, ante 46,3% em novembro. Se os números se confirmarem terá sido um acréscimo de pouco mais de dois pontos percentuais em relação a 2009, quando a proporção era de 44,4%.

A primeira nota de crédito do BC em 2011 também deve confirmar o aumento das taxas das operações de crédito e do "spread" (a diferença entre o custo de captação e o cobrado do tomador) bancário, especialmente no segmento pessoa física, conforme os dados preliminares da própria autoridade monetária. (Valor Econômico)

BNDES reduz repasse para grandes empresas

O orçamento só será fechado em fevereiro, mas no BNDES a expectativa para este ano é de redução do volume de desembolsos para R$ 140 bilhões, menos do que o valor recorde de R$ 168,4 bilhões de 2010. Apenas na operação de capitalização da Petrobras, o banco participou com R$ 24,7 bilhões. Descontado esse valor, as liberações fecharam o ano em R$ 143,7 bilhões, com alta de 5% ante os R$ 137, 4 bilhões liberados em 2009. Em 2010, a parcela dos desembolsos destinados às grandes empresas diminuiu quase 10 pontos percentuais em relação a 2009, quando essas companhias absorveram 82,5% do total liberado pela instituição. Na outra ponta, o peso das micro e pequenas empresas passou de 8,5% para 14% do total.

A maior parcela dos recursos para os próximos 12 meses deverá vir do retorno de empréstimos, que podem alcançar valores expressivos, na faixa de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões devido ao pagamento dos financiamentos de capital de giro feito pelo banco para empresas durante a crise econômica iniciada no fim de 2008.

Não está descartada a entrada de recursos do Tesouro no caixa da instituição de fomento este ano, mas ainda não há uma definição. Se ocorrer essa transferência, ela será bem menor que no ano passado. Em 2011, por exemplo, não há perspectiva de operação tão expressivas e concentradas na Petrobras - como os R$ 25 bilhões liberados tanto em 2009 como em 2010. O BNDES não vai deixar de apoiar a Petrobras, mas não devem se repetir operações da magnitude das passadas.

Outra medida anticíclica adotada durante a crise, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com taxas fixas de financiamento para bens de capital (5,5%), abaixo da TJLP de 6% ao ano e bem inferior as taxas do mercado, criado para financiar bens de capital, está programado para terminar em março. Mas poderá ser prorrogado, caso o governo assim o decidir, porém, com custo fiscal residual para o Tesouro. A carteira de pedidos de empréstimos do PSI fechou 2010 em R$ 120 bilhões e as liberações no período chegaram a R$ 87 bilhões.

Os números do desempenho do banco divulgados ontem informam que o total de projetos de investimentos aprovados fechou 2010 em R$ 200,7 bilhões, sinalizando que a demanda por recursos da instituição continua superaquecida. As consultas alcançaram R$ 255,9 bilhões, com alta de 14% ante 2009. Esses indicadores são determinantes do comportamento futuro dos desembolsos do banco.

A ideia para reforçar o caixa do BNDES em 2011 e garantir uma oferta de crédito firme não vai se limitar ao retorno dos empréstimos. A instituição de fomento tem planos de fazer lançamentos mais fortes de debêntures de sua titularidade no mercado doméstico para prover mais recursos, principalmente à BNDESPar, para operar no mercado de capitais, adquirindo participações acionárias em empresas e em operações de abertura de capital (IPOs).

No mercado internacional, a intenção do BNDES é fazer inicialmente uma captação via lançamento de bônus, na faixa tradicional de US$ 1 bilhão, para avaliar a precificação de seus papéis lá fora. A área internacional do banco, que tem um escritório em Londres, está se preparando para crescer, mas ainda costura um projeto estratégico de maior alcance.

A infraestrutura vai continuar sendo prioridade do BNDES, incluindo obras do PAC e da Copa de 2014. O desenvolvimento regional e a inovação também serão focos de 2011. No âmbito das micro e pequenas empresas, a meta é continuar ampliando o alcance do Cartão BNDES. No momento, atuam nas operações indiretas do cartão os bancos Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e alguns bancos menores. O Itaú está em fase de teste para operar o cartão, cujas operações já estão alcançando cerca de R$ 500 milhões mensais. No ano passado, o Cartão BNDES foi um dos maiores destaques na área de operações indiretas, com 320 mil operações, 84% a mais que em 2009, tendo desembolsado R$ 4,3 bilhões, ou 74% acima do liberado em 2009, segundo os dados do banco.

Apesar dos grandes grupos permanecerem à frente no desembolso por apresentarem os maiores projetos, as liberações para pequenas e médias empresas via operações com agentes financeiros vem avançando. Em 2010, os empréstimos para micro, pequenas e médias somaram US$ 45,7 bilhões, quase dobraram de tamanho ante o ano anterior, em boa parte devido ao PSI. O BNDES vai estimular mais a participação dos bancos privados nessas operações de crédito, na quais eles respondem pelo risco do negócio. Os agentes financeiros repassam hoje cerca de 70% dos empréstimos de médio e longo prazo da instituição. (Valor Econômico)

Produção total da Petrobras atinge 2,583 milhões de barris/dia em 2010

A Petrobras confirmou nesta segunda-feira que encerrou 2010 com uma produção média de óleo e LGN no Brasil de 2,003 milhões de barris por dia (bpd).

Em dezembro, a produção média foi de 2,121 milhões de bpd, 4,5% superior aos 2,030 milhões de bpd registrados em novembro. Os números já haviam sido adiantados pela estatal em 30 de dezembro.

Já a produção total, no Brasil e no exterior, alcançou 2,583 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) de óleo, liquefeito (LGN) e gás natural em 2010. Apenas em dezembro, a média foi de 2,731 milhões de boed, acima dos 2,620 milhões de boed de novembro.

Segundo a empresa, o crescimento do volume se deve a entrada de poços produtores nas plataformas FPSO-CAPX (Cachalote/Baleia Franca) , P-48 (Caratinga), P-57 (Jubarte) e FPWSO-DYPR (TLD de Guará)

A produção média de gás natural no Brasil, excluindo o volume liquefeito, foi de 58,746 milhões de metros cúbicos por dia em dezembro, 3,5 milhões acima do volume realizado em novembro (55,288 milhões). No ano, a média ficou em 53,070 milhões de metros cúbicos de gás por dia. (O Globo)

Após moderação, indústria retoma fôlego em novembro

O ritmo de atividade industrial se intensificou em novembro, após alguns meses de crescimento moderado.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (20/1) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os segmentos de produtos de metal, máquinas e equipamentos, materiais elétricos e veículos automotores foram o destaque no período.

Sempre após ajuste sazonal, todas as variáveis analisadas do setor industrial cresceram na comparação com o mês anterior.

Depois da queda de 0,7% em outubro, o faturamento real avançou 1,9%. As horas trabalhadas, por sua vez, cresceram 1,6%.

Já a utilização da capacidade instalada aumentou 0,2 ponto percentual, chegando a 82,6%. "Mesmo com esse resultado a UCI ainda está 0,7 ponto percentual abaixo do registrado antes da crise (setembro de 2008)", relata o informativo da CNI.

Como prova da continuidade do aquecimento do mercado de trabalho, o indicador de emprego da indústria voltou a crescer frente ao mês anterior, registrando alta de 0,4%.

Esse dado já superou o nível pré-crise em 2,3%. E, pelo terceiro mês seguido, a massa salarial expandiu em novembro (3,9%) ante o mês anterior.

A renda real do trabalhador da indústria cresceu 4,1% em novembro, sendo a principal responsável pelo avanço na massa salarial no período. (Brasil Econômico)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

UGT se mantém antenada com as tendências mundiais para melhorar o foco de suas estratégias a favor da classe trabalhadora brasileira

UGT participa de reunião com FMI e Banco Mundial

(Na foto, Ricardo Patah, presidente da UGT, Dominique Strauss-Kahn, diretor-presidente do FMI e John Fernandes)

Depois de três dias de um debate intenso, em Washington, a UGT (representada por mim, Ricardo Patah, e John Fernandes) teve a oportunidade de discutir e interferir nos debates que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional realiza uma vez por ano com as principais lideranças mundiais de trabalhadores.

A crise mundial que por enquanto teve poucos reflexos no Brasil ainda foi o tema predominante. John Fernandes está preparando um relatório que será apresentado e discutido com a direção da UGT para ajustar as estratégias da entidade frente aos desafios em nossa economia, especialmente, no tocando à politica de juros (os mais altos do mundo) e a valorização do Real. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

SP ganha praça de cara nova em seu aniversário
Marechal Deodoro, no centro da cidade, terá parquinho novo e flores. Reforma, que começou em janeiro, terminará na terça-feira; sindicato vai cuidar do local, que já conta com um vigia.
A praça Marechal Deodoro, em frente à estação de metrô homônima, no centro da cidade, foi reformada e vai ser inaugurada com cara nova no dia do aniversário dos 457 anos da cidade de São Paulo, nesta terça.
Ela ganhou flores, um gramado, nova iluminação, sua calçada foi ampliada e pintada e um parquinho novo está sendo construído.
Além disso, foram colocadas quatro estátuas de bronze, em tamanho natural, de um gari, um jardineiro, uma copeira e uma auxiliar de limpeza -profissionais representados pelo Siemaco, o sindicato dos trabalhadores de limpeza.
O órgão assinou um termo de cooperação com a prefeitura e passará a zelar pelo local, onde já colocou um vigia por 24 horas.
"Queremos homenagear os trabalhadores de nossa categoria com a colocação das peças do monumento e colaborar com a revitalização da praça, proporcionando aos moradores e ao comércio local mais lazer, beleza e segurança", diz José Moacyr Pereira, presidente do Siemaco.
A reforma começou em janeiro e terminará a tempo da festa de inauguração, às 15h do dia 25. Haverá pula-pula e apresentação de coral. (Folha)

Classe C vai mudar o Brasil
A CLASSE C FOI o grande xodó da economia em 2010. Se mantiver ao menos parte do crescimento de seu poder aquisitivo, irá influenciar, definitivamente, as relações de consumo.
As famílias com renda entre R$ 1.530 e R$ 5.100 já representam mais da metade dos brasileiros e respondem por quase 42% do que é consumido no Brasil.
Isso é muito bom para todos.
É fundamental, contudo, que todas as instâncias do poder público que lidam com direitos do consumidor modifiquem drasticamente seu modo de agir.
As agências reguladoras, por exemplo, terão responsabilidade crescente no respeito aos direitos desses consumidores. Cada vez que arbitrarem em favor exclusivo de empresas, prejudicarão milhões de brasileiros que chegarem aos mercados de telefonia, energia elétrica, aviação civil, combustíveis, transportes etc.
Industriais e lojistas deverão aprender, e rapidamente, a oferecer produtos mais baratos, mas de qualidade e com serviços que respeitem o Código de Defesa do Consumidor.
Os investimentos em educação para o consumo consciente deverão ser ampliados para que o poder aquisitivo seja acompanhado de conhecimento das intrincadas vinculações entre compras, ambiente e cidadania.
O Banco Central terá de ser mais vigilante acerca de abusos na concessão de empréstimos, para que esses brasileiros não fiquem à mercê da agiotagem disfarçada sob o crédito sem exigência de comprovação de renda.
É preciso construir imóveis cujas prestações caibam no bolso de milhões de famílias, para reduzir o imoral deficit habitacional.
Todas essas necessidades ainda não atendidas significam mais mercado, investimentos, empregos e geração de renda. Que poderão retirar milhões de brasileiros da pobreza absoluta. Um círculo integralmente virtuoso.
Louvar, portanto, a ascensão social é fácil, mas os novos consumidores de classe média merecem muito mais do que isso.
Um dos nós mais apertados que devem ser desatados é o atendimento pós-venda, quando o cliente precisa reclamar, trocar ou exigir a entrega de um produto. Aí, realmente, estamos muito mal.
Embora os canais de contato se multipliquem, com atendimento pela internet, on-line, telefone, e-mail, as respostas continuam padronizadas. As soluções demoram, enroladas na burocracia e no desrespeito aos direitos mais básicos.
Dentre eles, o de pagar e receber exatamente aquilo que foi adquirido, no prazo combinado.
Há outras questões importantes a discutir, de ordem político-econômica, como a estúpida e irracional carga tributária, que nunca sacia sua voracidade. Um marco desse avanço no bolso dos brasileiros é a falta de correção da tabela do Imposto de Renda, que provoca perdas proporcionais muito maiores na classe C.
A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou em seu discurso de posse que uma de suas metas é a classe C consumir mais.
É uma visão positiva, que deve se concretizar por meio de medidas para que o aumento da renda, sua distribuição mais equânime e o maior poder de compra sejam acompanhados por uma mudança cultural profunda.
Ou seja, de uma relação mais transparente e digna entre fabricante, lojista e clientes. A proibição judicial da divulgação de testes comparativos de produtos, por exemplo, que já ocorreu várias vezes no Brasil, não pode se repetir.
Os novos clientes podem ajudar o Brasil a crescer de maneira sustentada, com mais justiça social. Temos que aproveitar este momento positivo para também aperfeiçoar as relações de consumo.
Não se esqueçam, detentores do poder, que os integrantes da nova classe média votam, e que vão aprender cada vez mais a defender seus direitos.
É melhor para todos os brasileiros que as mudanças ocorram por inteligência e respeito à lei. Um país só é realmente desenvolvido quando os direitos não precisam ser cobrados a cada segundo. Vale o que está escrito. Ainda chegaremos lá. (Folha) — por MARIA INÊS DOLCI, 54, advogada formada pela USP com especialização em business, é especialista em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores.

Altos salários de volta a Wall Street: Grandes bancos aumentam remuneração de executivos de primeiro escalão

O diretor executivo do Citigroup, Vikram S. Pandit, depois de quase dois anos recebendo apenas US$ 1 enquanto tentava colocar o banco de volta nos trilhos, deve receber US$ 1,75 milhão , segundo decisão do banco na sexta-feira. O Morgan Stanley anunciou uma parte da remuneração de James P. Gorman. No seu primeiro ano como diretor executivo, Gorman vai receber menos do que os US$ 15 milhões que levou para casa em 2009, quando era copresidente do banco, afirma fonte próxima.

Outros bancos de Wall Street - incluindo o Goldman Sachs e o Bank of America - ainda deverão divulgar os salários dos seus executivos do alto escalão. O JP Morgan Chase anunciou a remuneração de alguns executivos sênior, mas não aprovou ainda o pacote de benefícios para seu chairman e diretor executivo Jamie Dimon. Jamie deverá receber a mesma remuneração, ou talvez mais, do que os US$ 17,5 milhões de 2009, um dos mais altos salários entre os executivos de Wall Street. A decisão ainda não foi tomada. Mas o JPMorgan teve um ano excepcional - 2010 foi o ano mais lucrativo na história do banco - e quatro lugares tenentes de Jamie Dimon já foram recompensados com ações no valor de US$ 10 milhões cada um.

Dois anos após a crise financeira, os lucros contabilizados por Wall Street - e os grandes salários - parecem estar de volta. Mas o alvoroço público contra os generosos pacotes salariais pagos pelos bancos a seus executivos, mesmo depois de receberem ajuda financeira do governo, não se acalmou. Os bancos ainda procuram equilibrar a necessidade de atrair executivos e traders estrelados com as exigências dos órgãos reguladores para que seus programas de remuneração não criem risco excessivo. Mas passou um pouco a suscetibilidade dos legisladores e do público em geral, que ficaram irritados ao saber das remunerações generosas que estavam sendo pagas, enquanto muitos perdiam casas e empregos. (Estado)

Classe C gasta mais que ricos em beleza

A classe C já supera as classes A e B na soma total de gastos no setor de higiene e cuidados pessoais. Dos R$ 43,4 bilhões desembolsados na compra de produtos e serviços dessas categorias no ano passado, R$ 19,8 bilhões saíram do bolso dessa nova classe média, composta por cerca de 95 milhões de brasileiros. Essa soma de recursos equivale a 45,6% do gasto geral - quase a metade do montante desembolsado, segundo levantamento obtido pelo Valor com a consultoria Data Popular.

Nos últimos oito anos, o grupo de consumidores da classe C ampliou em 8,2 vezes os gastos com esses produtos. Esse ritmo de expansão é próximo ao dobro da média verificada em todas as camadas sociais no intervalo analisado

No topo da pirâmide, as classes A e B gastaram R$ 15,9 bilhões em 2010, volume que representou 36,6% da soma movimentada no mercado. Segundo o estudo, no ano de 2002, a taxa era maior: 54% do volume vendido nesses segmentos atendiam aos mais endinheirados - logo, uma queda de quase 20 pontos percentuais.

A diminuição não teve relação com queda nos gastos. Esse grupo de pessoas está comprando mais do que no passado (veja quadro acima). É que o ritmo de crescimento no volume de compras da classe C foi tão acelerado que, no bolo total, os mais ricos perderam participação.

Importante destacar que, nas classes emergentes, a alta na participação nas despesas do setor também foi de quase 20 pontos (a mesma perda verificada das classes A e B). A taxa pulou de 26,7% para 45,6% entre 2002 e 2010.

"Aconteceu uma virada nos últimos dois anos, quando a liderança da classe C nas vendas se consolidou nesse área", diz Renato Meirelles, sócio do Data Popular. Expansão na renda e na geração de emprego ajuda a explicar essa elevação, assim como o maior acesso ao crédito, visto que o varejo de higiene e cosméticos começou a oferecer parcelamento ao cliente nos últimos anos. Mas pesou nessa conta o fato de os consumidores terem passado a comprar mais itens com frequência maior, e de produtos que antes não consumiam. O pós-xampu e a máscara de tratamento para o cabelo, por exemplo, fazem parte das compras da classe emergente há poucos anos, segundo pesquisa da Kantar Worldpanel.

Além disso, o volume elevado de lançamentos, com a entrada de novas marcas de diferentes preços - a indústria lança por dia 20 novos produtos, segundo a Abihpec, entidade setorial - também contribuiu para esse desempenho. Há 14 anos consecutivos o setor de higiene pessoal e cosméticos registra alta anual de dois dígitos no país.

Na avaliação dos especialistas, não se trata de um aumento de compra de supérfluos pela nova classe média. "Isso é um mito", diz Fabio Mariano, professor do Núcleo de Ciências do Consumo Aplicadas da ESPM. "Esse é um consumo que vai muito além de vaidade, pois trata-se de uma estratégia de sociabilidade, de integração, afirma ele. "O que existe é uma demanda em que se consome algo como meio e não como fim. Ele [o consumidor da classe C] compra um creme para se apresentar melhor e conseguir um bom emprego. Já para a classe alta, a compra é um fim em si mesmo", completa Meirelles, do Data Popular. Os dados da pesquisa foram elaborados pela consultoria com base nos resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE.

Se o atual cenário se mantiver, com fortes investimentos em produtos e manutenção dos ganhos de renda, empresários do setor acreditam que as classes emergentes continuarão a ganhar peso nas vendas. "Ainda há muitos mercados mal explorados. Em cabelos, por exemplo, pelo menos 70% da população tem cabelos cacheados ou afro, e a oferta de produtos de alta qualidade ainda é reduzida. Esse é só o começo ", diz Claudio Linhares, diretor da Helcla Cosméticos, com oito marcas no mercado. (Valor)